Outubro Rosa
Os dados alarmantes posicionam a neoplasia como a segunda que mais acomete mulheres em todo o mundo. Diante da realidade, a melhor medida continua sendo a prevenção.
E é justamente esse quadro que impulsiona o Outubro Rosa, um mês dedicado à disseminação de informações sobre os direitos da mulher e a importância de olhar com atenção para a sua saúde.
Mais do que levantar dados, a campanha visa garantir às mulheres atendimento com ginecologista, assistência médica e suporte emocional, garantindo assim prevenção, diagnóstico e tratamento de qualidade.

O que é Outubro Rosa?
O Outubro Rosa é uma campanha mundial realizada anualmente no mês de outubro, que busca a conscientização das mulheres sobre prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama, fatores que aumentam as chances de cura e reduzem a mortalidade.
Simbolizada pelo laço rosa, a campanha mobiliza diversas instituições — tanto públicas quanto privadas — para disponibilização de exames gratuitos ou com preço reduzido, a fim de encorajar as mulheres a fazê-los, para assim, tratarem de qualquer problema encontrado precocemente. Isso porque, nos estágios iniciais, o câncer de mama é assintomático e responde muito melhor aos tratamentos.
O câncer de mama é o segundo tipo mais comum entre as mulheres em todo o mundo, perdendo apenas para o câncer de pele não-melanoma (como o carcinoma basocelular). De todos os novos casos a cada ano, cerca de 25% são câncer de mama.
PublicidadePublicidadeObjetivo do Outubro Rosa
O Outubro Rosa tem como objetivo conscientizar as mulheres sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama, que tem altas chances de cura quando descoberto cedo.
Mesmo assim, grande parte dos diagnósticos acabam sendo tardios.
Embora seja focado no câncer de mama, muitas instituições aproveitam o mês também para falar sobre outras neoplasias que podem ocorrer no aparelho reprodutor feminino, como o câncer de ovário ou do colo do útero, por exemplo.
História
O Outubro Rosa não foi exatamente instituído por uma pessoa. No fim do século XX, alguns estados americanos promoviam ações isoladas de conscientização sobre a doença.

Aos poucos, as iniciativas foram amplificadas e ganharam visibilidade, até o Congresso Americano oficializar outubro como o mês nacional de prevenção ao câncer de mama.
Mas cabe aqui falar de uma instituição importante para que a data viesse à vida. Em 1982, iniciou-se o instituto Susan G. Komen Breast Cancer Foundation, fundado por Nancy Brinker, com o objetivo de promover estudos e disseminar informações sobre o câncer de mama.
Em 1983, pretendendo dar mais visibilidade à importância do projeto e do tema e arrecadar fundos para pesquisas, o instituto promoveu a primeira "Caminhada pela Vida", em Dallas. O evento contou com cerca de 800 participantes e marcou o início de uma ação que ganharia dimensões mundiais.

Alguns anos depois, em 1991, as tão famosas fitas rosas foram distribuídas a todos os participantes da Caminhada pela Vida, em Nova York, tornando o laço cor-de-rosa o símbolo oficial da campanha.
Desde então, a instituição continua promovendo corridas anualmente em prol da luta contra o câncer de mama.

No Brasil, a primeira ação do Outubro Rosa que se tem conhecimento aconteceu em 2002, no parque Ibirapuera, em São Paulo: o Obelisco Mausoléu ao Soldado Constitucionalista, mais conhecido como Obelisco do Ibirapuera, foi iluminado de rosa por um grupo de mulheres simpatizantes com a causa.
A partir de 2008, as ações foram se tornando cada vez mais frequentes. Várias entidades relacionadas ao câncer de mama passaram a iluminar monumentos e prédios de rosa, deixando clara a mensagem: é preciso se prevenir.
Símbolo do Outubro Rosa: Laço Cor-de-Rosa
Mundialmente reconhecido, o laço cor-de-rosa é o símbolo da luta contra o câncer de mama. Mas como foi que ele surgiu?

Inicialmente, os laços começaram a ser usados nos Estados Unidos, na década de 70, por Lenney Laingen, uma mulher cujo marido era mantido como refém no Irã. Esses laços, de cor amarela, foram pendurados por ela e seus amigos em algumas árvores, o objetivo era que o marido voltasse para casa.
A ideia de laços conscientizadores se popularizou e, nos anos 90, era a vez do câncer de mama receber sua própria fita. Durante a Corrida pela Cura de Nova York de 1991, foram distribuídos laços cor-de-rosa para todos os participantes. No entanto, nessa época, ele ainda não era um símbolo muito forte.
Em 1992, a Estée Lauder Cosmetics, uma empresa de cosméticos, foi a responsável por popularizar o laço cor-de-rosa mundialmente.
Inicialmente, a cor do laço era laranja, criado por uma senhora chamada Charlotte Hayley. Ela vendia lacinhos junto com um cartão que dizia que apenas 5% do orçamento anual do Instituto Nacional do Câncer era destinado à prevenção. Seu objetivo era convencer as pessoas de que isso tinha que mudar, causando pressão no governo.
Tudo isso chamou a atenção de Alexandra Penney, editora chefe da revista "Self" na época, e Evelyn Lauder, vice-presidente da empresa cosmética Estée Lauder Cosmetics, que quiseram investir na ideia.
No entanto, Hayley se negou a vincular seus laços às imagens comerciais das duas empresárias, fazendo com que as negociações não fossem muito frutíferas. No entanto, as duas mulheres de negócios resolveram lançar a campanha dos lacinhos mesmo assim, apenas mudando a cor para rosa.
Com a popularização desse símbolo, que foi distribuído nos Estados Unidos por diversas companhias, ele ficou conhecido como o símbolo mundial da luta contra o câncer de mama.
Em 1997, uma organização resolveu tomar o símbolo para si: a Pink Ribbon International. Trata-se de uma organização não governamental sem fins lucrativos cujo enfoque é a luta contra o câncer de mama. Essa organização está presente em mais de 15 países ao redor do mundo.
Mesmo que a campanha Outubro Rosa esteja cada vez mais popular, o câncer de mama ainda é uma realidade na vida de milhares de mulheres em todo o país. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) aponta que, em 2023, quase 74 mil mulheres foram diagnosticadas com a doença. Além disso, este tipo de câncer é o que mais causa a morte das mulheres no Brasil e, de acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a doença vem afetando cada vez mais jovens.
Devido a sua grande incidência, surge a questão: como o tratamento do câncer afeta a fertilidade feminina?
Menopausa precoce é um risco
O tratamento contra a doença pode, sim, causar danos na fertilidade das mulheres, de acordo com o médico ginecologista César Patez. "Ele pode causar danos aos folículos ovarianos, interferindo na qualidade dos óvulos e na produção hormonal que é realizada nos ovários. A quimioterapia pode também interromper o ciclo menstrual ou causar irregularidades, podendo até mesmo levar a menopausa precoce", afirma.

A médica ginecologista Isabella Drummond, do Hospital Israelita Albert Einstein, afirma que o motivo é porque a quimioterapia é um agente citotóxico, ou seja, que causa a morte celular, e pode causar danos temporários ou permanentes aos óvulos. "Já a radioterapia, quando aplicada em áreas próximas aos órgãos reprodutivos, pode danificar os óvulos ou órgãos reprodutivos, afetando negativamente a capacidade reprodutiva. Procedimentos nos órgãos reprodutivos como útero e ovários também podem impactar na fertilidade, dependendo da extensão da cirurgia. Além disso, terapias hormonais, muito utilizadas no tratamento do câncer de mama, podem levar à supressão ovariana e dos níveis dos hormônios sexuais femininos, interferindo, consequentemente, na fertilidade."
Sinais do câncer de mama
Formação de nódulo endurecido, fixo e geralmente indolor na mama;
Alterações no bico do peito (mamilo);
Pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço;
Saída espontânea de líquido de um dos mamilos;
Pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja;
Alerta: é preciso detectar a doença em fases nas quais ela não é palpável - através do rastreamento com a mamografia, contexto em que a probabilidade de cura é muito elevada. (BOX)
É importante esperar!
Em relação à vida pós-tratamento, Isabella afirma que não há um tempo exato para tentar engravidar. "O tempo seguro para tentar conceber após um tratamento oncológico pode variar de acordo com vários fatores, incluindo o tipo de câncer, o tratamento recebido e a resposta a ele. Para algumas mulheres, deve-se esperar de seis meses a um ano para tentar engravidar. No entanto, em alguns casos, a espera pode ser maior devido ao maior risco de recorrência da doença."
O tratamento do câncer pode ser agressivo
Bons Pais, Bons Filhos questionou o que a mulher deve fazer descubra a gravidez enquanto realiza o tratamento oncológico. "Sabemos que o tratamento pode, sim, ser tóxico e causar consequências graves. Por isso, nós recomendamos que o tratamento seja interrompido, e tenha continuação após o segundo trimestre da gestação com medicamentos que não prejudiquem o bebê", afirma César Patez.
Segundo Isabella, deve-se interromper a quimioterapia no primeiro trimestre por causa dos seus efeitos teratogênicos. "Já a radioterapia está proscrita durante a gestação, ou seja, ela não pode ser realizada. Na prática, o que geralmente acontece é o adiamento ou modificação do tratamento oncológico, se for seguro para a mãe."
Uma equipe multidisciplinar com oncologista, obstetra e psicólogo é quem deve manejar essa situação complexa. "É necessário pesar os riscos e benefícios do tratamento, bem como a vontade da paciente. A mulher sempre terá sua autonomia respeitada", completa a ginecologista.
Descobri o câncer e quero ser mãe: o que devo fazer?
Patez recomenda que, nestes casos, as mulheres levem em consideração o congelamento de óvulos. "Realizar a coleta de óvulos para congelar antes de iniciar o tratamento oncológico, ou até mesmo, retirar parte do tecido ovariano para criopreservação, mantendo o tecido congelado para posterior transplante no organismo humano, são algumas saídas oferecidas pela medicina."
Mitos em relação ao câncer de mama
A pedido da farmacêutica Pfizer, o Ipec realizou uma pesquisa em São Paulo, em 2022, com 1.397 brasileiras. Divulgado pelo Coletivo Pink, os dados mostram que 64% das entrevistadas acreditam que o autoexame é o meio mais eficaz para diagnosticar o câncer em estágio inicial.

Clara Carvalho, médica ginecologista e docente da Unigranrio-Afya, afirma que, apesar do autoconhecimento das mamas ser positivo, é ideal realizar os exames corretos para o diagnóstico. "Quando a gente fala de um Brasil, no qual não existe uma forma de rastreio organizada - situação chamada de rastreio oportunístico -, notamos que nem todas mulheres que estão em idade de fazer a mamografia realizam o exame. Isso é preocupante, porque percebemos uma redução da faixa etária de mulheres com câncer de mama. Então, a unanimidade é fazer um rastreio de mulheres dos 40 aos 69 anos, que chamamos de rastreio organizado. O cenário ideal seria fazer o rastreio anual, porém, por uma questão de custos, às vezes recomendamos rastreio de dois em dois anos."
Punição divina?
A pesquisa do Ipec também mostrou que 8% das mulheres acham que o câncer de mama é uma punição divina, e outras acreditam que está relacionado à ausência de perdão ou acúmulo de mágoas. Nesse cenário, como lidar com a doença sem culpabilização e de forma emocionalmente saudável?
"O que a gente nota na prática é um perfil diferenciado. Uma pergunta que as mulheres costumam fazer é: 'porque eu?'. Por isso, durante o tratamento do câncer, recomendamos grupos de apoio. Há pacientes que carregam mágoas e pensamentos negativos e ainda têm que lidar com um tratamento pesado, o que pode atrapalhar no processo de melhora. Mesmo que o resultado final não seja bom, o processo de tratamento da doença pode ser mais leve caso o paciente tenha um acompanhamento psicológico adequado e encare o processo de forma positiva. Deus não está punindo ninguém, as pessoas têm que ser acompanhadas para não remoer essas questões. Faz parte do tratamento mudar a forma de pensar. A positividade tem que estar presente. Isso faz parte da de um resultado bom durante o tratamento", finaliza Clara.
https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/outubro-rosa-cancer-e-fertilidade,d803960c4384d45a6c3cf6c93408cc33t9f21so3.html?utm_source=clipboard
Fontes:
https://minutosaudavel.com.br/outubro-rosa/
https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/outubro-rosa-cancer-e-fertilidade,d803960c4384d45a6c3cf6c93408cc33t9f21so3.html?utm_source=clipboard
https://www.gov.br/inca/pt-br